Talvez alguns de vós não saibam, mas antes de se chamar Football Manager (FM), o jogo chamava-se Championship Manager (CM). A Wikipédia Lusófona tem a história deste franchise e do que deu origem à mudança de nome, se quiserem ler, mas o TL;DR é: a Eidos e a Sports Interactive chatearam-se, cada uma seguiu o seu caminho e uma delas teve uma caminhada curta.
A minha introdução à saga
Eu fui apresentado ao jogo no período em que se chamava Championship Manager. Um dia, em meados da década de 1990, estava a brincar com o meu irmão na rua e um vizinho chamou-nos para nos mostrar um jogo de futebol em que eras o treinador. Ele deixou-nos jogar um bocadinho e nós, claro, ficámos fascinados.
Pouco tempo depois, tivémos o nosso primeiro computador e ele fez-nos uma cópia do jogo para umas disquetes. O que ele foi fazer…! Passávamos horas e horas colados ao computador, a jogar CM2. Até chegámos a criar o clube de futebol da aldeia no jogo.
Assumidamente fã
Ficámos tão fãs do CM que jogámos todas as versões que saíram depois daquela. Quando a Eidos e a Sports Interactive se chatearam, passámos a jogar Football Manager. Ainda dei uma oportunidade ao Championship Manager 5, que a Eidos lançou depois disto, mas o jogo era muito mau. Virei-me para o FM e ainda o continuo a jogar; atualmente, jogo a versão mais recente, o FM24.
Este franchise acompanhou-me durante boa parte da minha vida. Apesar da qualidade do jogo atualmente deixar um pouco a desejar em vários (demais!) aspectos, continuo a jogá-lo. Tenho uma ligação sentimental ao jogo, que, confesso, é o que me vai mantendo a jogá-lo. Lamentavelmente, esta pode ser a última versão que jogarei. Não porque assim o quis, mas porque cada vez mais parece que o franchise chegou ao fim.
Silêncio e mentiras
O FM25, que era para ser a nova era do jogo e que estaria, disseram eles, a ser preparada há uns anos, com mudança de motor gráfico para Unity, tem boas probabilidades de não vir a acontecer. O jogo deveria ter saído em Novembro do ano passado (2024) mas foi adiado, com a Sports Interactive a admitir que ele não estava sequer próximo de estar pronto. Isto, contudo, não os impediu de abrir as pré-vendas do jogo uns meses antes de anunciarem o adiamento. Foi um momento muito merdoso da parte deles, deixem que vos diga. Mesmo muito merdoso.
Pouco tempo depois, disseram que o jogo iria sair em Março deste ano (2025), o que coincide com o fim do ano fiscal da Sega, a publisher do jogo. Também disseram que iriam sair novidades até ao final de Janeiro deste ano. Hoje é o primeiro de Fevereiro e nicles batatóides. Nem grilos se ouvem…
O fim?
Este silêncio é ensurdecedor demais e parece anunciar o fim da saga. Se chegar a sair alguma coisa, é bem possível que seja tão estável como um castelo de cartas durante um furacão de categoria 5.
O mais estúpido disto tudo é que foi a Sports Interactive que deu um tiro no próprio pé. Esta empresa tem uma base de fãs muito sólida. Como eu, há muita gente que já vem do tempo do CM (a geração das caricas, como nos chamam), que se manteve fiel ao jogo e que passou tantas horas a jogá-lo. Se sabiam que isto ia acontecer, deviam ter dito logo. A maioria dos fãs teria percebido. Em vez disso, optaram por mentir e omitir. A confiança que os fãs têm neles está pelas horas da morte e é compreensível.
Em cima disto, a falta de algum tipo de anúncio sobre o desenvolvimento do jogo deixa no ar a possibilidade do jogo nunca sair e ser o fim da Sports Interactive. Eles estão muito dependentes deste jogo e têm obrigações contratuais para lançar uma versão nova anualmente. Se não conseguirem entregar… Puff, faz-se Chocapic.
Espero estar enganado, mas o futuro do jogo parece muito sombrio.